Um apelo por união na Homeopatia
19 de Maio de 2020, por Maria Chorianopoulou
Existe um clamor extraordinário por união nos diferentes círculos da comunidade internacional de profissionais homeopatas. O argumento é que, a menos que estejamos unidos, não haverá promoção efetiva da homeopatia dentre as modalidades terapêuticas sérias. Os que mais clamam por união estão direcionado seu apelo a todos aqueles que praticam a homeopatia clássica, de acordo com os princípios estabelecidos por Hahnemann, e seguidos por Kent e outros mestres, mais antigos e mais recentes.
Eu acredito que todos esses profissionais sérios se mantiveram em silêncio nos últimos 30 – 40 anos por uma boa razão. Estes profissionais são os mais conscientes e bem formados, que estabeleceram uma prática de sucesso e não querem ser envolvidos em brigas sem sentido.
Mas basta. Alguém tem que falar claramente sobre esta situação, indescritível, na qual o nome da homeopatia tem sido arrastado e depreciado por pessoas ignorantes, que no esforço de promover novas ideias à esta ciência, têm, na verdade, a ridicularizado.
Observe algumas destas ideias insanas que predominam, hoje, e reflita que estas são as mesmas pessoas que clamam por união. Essas ideias têm alguma coisa a ver com os claros princípios científicos estabelecidos por Hahnemann?
- pêndulos para encontrar o remédio correto;
- remédios que são escritos em um pedaço de papel e tornam-se, então, dinamizados quando colocados em um copo de água;
- remédios selecionados pela astrologia;
- remédios selecionados por Tarô;
- remédios selecionados pela cor ou pelo designe da roupa do paciente;
- pregunta-se ao paciente qual a sua cor favorita e escolhe-se o remédio baseando-se nisto;
- prescrição de multiremédios (complexos) para patologias específicas, onde os sintomas individuais são ignorados;
- ter uma seleção de remédios específicos para determinadas patologias (cada um faz suas próprias seleções);
- terapia CEASE, uma forma de homeopatia que utiliza as próprias substâncias causadoras, nas preparações homeopáticas, e não os sintomas individuais;
- homeopatia detox, utilizando-se potências altas de diferentes remédios, sem considerar os sintomas individuais;
- homeopatia preditiva;
- experimentação de músicas, para que estas sejam usadas para curar o paciente;
- sons para computador que curam doenças com este simillimum.
- remédios dados via toques de celular;
- remédios dados de acordo com as preferências de um pássaro;
- experimentação de cores;
- alguns “professores” afirmam que não há necessidade de os remédios serem experimentados em humanos, mas que os sintomas de um remédio podem, simplesmente, ser imaginados – centenas de homeopatas “criativos” podem “imaginar” centenas de “experimentações” diferentes para o mesmo remédio;
- experimentações incompletas para os remédios, com ênfase nos sintomas mentais ou emocionais peculiares, e poucos ou nenhum sintoma físico;
- remédios dados de acordo com sensação e ilusão – acreditando-se não ser necessário fazer a tomada de caso completa;
- remédios prescritos de acordo com a doutrina das assinaturas. Ex.: leite de cadela para tosse “de cachorro”, remédio da noz-moscada para desordens cerebrais, já que a noz-moscada se parece com um cérebro;
- remédio do muro de Berlim para aqueles que querem evitar um divórcio;
- alguns “homeopatas” proclamam que o remédio indicado é dito a eles por Deus;
- desprezo pelo uso de todos os repertórios (um livro de referência chave, que lista todos os sintomas físicos, mentais e emocionais, que surgiu de experimentações completas e detalhadas);
- seleção do remédio através da tabela periódica e da síntese imaginária de sintomas, pela imaginação;
- uso de dispositivos especiais (elétricos/radiônicos), que podem reimprimir informações sobre um remédio, a partir de números, em simples grãos de açúcar.
- uso de dispositivos especiais (elétricos/radiônicos), que podem reimprimir informações a partir de uma foto ou um objeto pessoal do paciente, em simples grãos de açúcar.
- seleção de um remédio somente pelo miasma principal (psórico, sifilítico, sicótico, etc.);
- alguns “homeopatas” afirmam que podem enviar o remédio ao paciente através de ondas etéricas.
- alguns outros afirmam que nem precisam dar o remédio, têm apenas que pensar nele e o paciente é curado;
- outros sugerem prescrever somente de acordo com os sintomas mentais;
- outros afirmam que podemos dar um remédio a alguém hoje, e este o protegerá de epidemias futuras (Homeoprofilaxia);
- Alguns homeopatas utilizam equipamentos de biorressonância e método Voll para “encontrar” o remédio, e não a análise e repertorização;
E assim por diante.
Em face a todo este disparate, somos compelidos a condenar o absurdo e a irresponsabilidade, para salvar o status científico da homeopatia.
Após promoverem, ostensivamente, todas essas ideias insanas, essas mesmas pessoas apresentam-se com apelos incisivos por união, amor e coesão.
Se tem que haver unidade, no entanto, deve estar claro para todos que querem praticar a homeopatia e que desejam ser chamados de homeopatas, que existe apenas UM sistema homeopático curativo, aquele fundado por Samuel Hahnemann, com suas leis e princípios específicos. Segundo esta ciência, damos um único remédio homeopático (o simillimum) por vez, ao paciente, e depois avaliamos o efeito para continuarmos o tratamento, nos casos crônicos. Prescrevemos criteriosamente, estudando-se os casos com o Repertório e a Materia Medica. Se iremos praticar a homeopatia em si, devemos TODOS concordar que a homeopatia DEVE ser a verdadeira homeopatia Hahnemanniana.
Somente assim poderemos falar de unificação.
Neste caso podemos encontrar:
- Unificação em princípios bem fundamentados e em leis científicas;
- Unificação na rejeição de ideias ridículas e absurdas;
- Unificação na proteção da homeopatia contra a depreciação causada por aqueles que estão interessados apenas em aumentar seus próprios ganhos;
- Unificação na proteção dos pacientes contra falsos “homeopatas” e em mantê-los bem informados sobre o que realmente é a homeopatia;
- Unificação na identificação e banimento dos autoproclamados homeopatas, que promovem absurdos e ideias tolas;
- Unificação para protegermos novos estudantes de perderem anos de estudo tentando entender disparates que não podem ser aplicados com credibilidade na prática;
- Unificação para não permitirmos a publicação de artigos que trazem descrédito à homeopatia; e unificação no estabelecimento de regras para que os artigos possam ser aceitos para publicação.
- Unificação para ousarmos criticar até nossos amigos e companheiros, caso eles expressem opiniões não científicas sobre a homeopatia;
- Unificação na compreensão e reconhecimento universal de que a homeopatia é uma ciência verdadeira e crescente, e não uma miscelânea de ideias irrelevantes;
- Unificação para proibir a irresponsabilidade e o charlatanismo de prevalecerem em nome da chamada democracia aberta e liberdade de ideias.
Só então, conquistaremos uma voz ressonante que será ouvida pela comunidade médica, pelos governos nacionais e pelas organizações europeias e internacionais.
Mas, até que isso aconteça, no entanto, os que distorcem a homeopatia terão prazer em continuar com suas ideias não científicas, pedindo por unidade e desejando que essa situação continue para sempre, sem
perceber que, dessa maneira, a homeopatia não precisará ser extinta pelo lado de fora; já terá sido morta pelo lado de dentro.
Leia o artigo completo em: https://hpathy.com/homeopath…/a-cry-for-unity-in-homeopathy/ .
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